O processo de imunização no Brasil começou em São Paulo no domingo (17), com a CoronaVac, vacina elaborada em parceria do Instituto Butantan e a empresa chinesa Sinovac. Entretanto, problemas diplomáticos já atrapalham a chegada de insumos, fabricados na China, para continuar a produção da vacina. Problema semelhante afeta a outra vacina que teve uso emergencial autorizado no país, a AstraZeneca.
O imunizante, que no Brasil será produzido em parceria da Universidade de Oxford e com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ainda não chegou ao país por incompetência do governo do presidente Jair Bolsonaro em trazer um primeiro lote de 2 milhões de doses da Índia. Além disso, já se sabe que faltarão os insumos para a sua fabricação, assim como para a CoronoVac.
Diante deste cenário de incerteza, a médica pneumologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Margareth Dalcomo fez um desabafo sobre a falta de capacidade do Brasil de vacinar seus cidadãos. Margareth é pioneira na pesquisa da covid-19 no Brasil. Na noite do dia 19 de janeiro, ao receber o prêmio São Sebastião, no Rio de Janeiro, ela disse ser “absolutamente inaceitável” a situação que o país atravessa.
“É absolutamente inaceitável que tenhamos recebido a notícia de que as vacinas não virão da China. E também não virão da Índia. Nada justifica que o Brasil não tenha capacidade competitiva de servir a seu povo, a não ser a incompetência diplomática, que não permite que cada um dos brasileiros esteja – amanhã, nos próximos dias ou meses – recebendo a única solução que há para a covid-19, a vacina”, disse a pesquisadora.
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Margareth apontou o enorme fracasso do governo brasileiro, incapaz até mesmo de garantir o sistema de cooperação construído em detalhes e com antecedência, pela comunidade científica da Fiocruz e a China. “Nenhuma explicação poderia justificar isso. O acordo foi estabelecido ponto a ponto desde agosto do ano passado para que a Fundação Oswaldo Cruz tivesse a sua linha de produção pronta. E é lamentável que as missões diplomáticas tenham fracassado a esse ponto.”
Em nota, a Fiocruz informou que o atraso do envio dos insumos para a produção da vacina provocará “impacto sobre o cronograma de produção inicialmente previsto de liberação dos primeiros lotes entre 8 e 12 de fevereiro”.
Texto: Rede Brasil Atual
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Vídeo: BR Político