As entidades representativas dos segmentos da UFSM (Assufsm, Sedufsm, Sinasefe, Atens e DCE) promoveram uma audiência pública para discutir, com a comunidade interna, os impactos dos cortes orçamentários para o andamento da universidade.
O evento ocorreu no auditório Lói Berneira Trindade (prédio 18C, da Química) e contou com cerca de 200 pessoas, entre docentes, Técnico Administrativos(as) em Educação, estudantes e membros da Administração Central. Cerca de 500 pessoas também acompanhavam a transmissão online viabilizada pelo canal de youtube da UFSM.
Essa audiência se tornou necessária após o bloqueio de R$1 bilhão no orçamento das universidades e institutos federais brasileiros que, para a UFSM, representou um corte de R$18 milhões. A administração da Universidade salientou que se mantém aberta para esclarecer sobre o plano de investimentos e gastos com o novo corte, expondo de forma pública as dificuldades financeiras da gestão.
UFSM em números
O debate iniciou com a fala do Reitor da Universidade, Luciano Schuch, que deu um panorama da situação orçamentária da UFSM. Ele contou que a Universidade está com um orçamento de 129,47 milhões de reais para 2022, podendo destinar 4 milhões para investimento, 120 milhões para a manutenção e o resto para os salários. Ainda assim, as demandas da reitoria eram de R$164,79 milhões.
Luciano disse que esse déficit de 35 milhões de reais – proveniente de um dos menores orçamentos da história da Universidade – dificulta severamente as atividades no campus. Ele relatou sobre reduções que já houveram nas contas de energia, limpeza, vigilância e apoio administrativo.
Schuch comentou que esse corte representa um impacto muito grande para a cidade, já que os recursos da UFSM movimentam a economia local, atingindo os mais variados setores de Santa Maria.
Além disso, o impacto para a comunidade universitária é ainda maior, pois é nítida a precarização dos serviços de pesquisa, ensino e extensão, se não houverem verbas suficientes para sustentá-los. O reitor ressaltou a falta de compreensão do governo com as instituições.
Algumas das prováveis consequências do bloqueio citadas por Schuch são: impedimento de viagens ao exterior, infraestrutura reduzida nas casas de estudante, menor atendimento nos restaurantes universitários, redução de bolsas de pós-graduação, ocorrência do Descubra UFSM na modalidade online, menos recursos para projetos de extensão, menor atuação nos geoparques, dentre várias precarizações nos setores da Universidade.
Assufsm e Entidades Sindicais na Audiência Pública
“Nós deveríamos estar aqui para discutir sobre como melhorar e ampliar a Universidade, em vez de pensar em como salvá-la”
Assim começou a fala de uma das Coordenadoras Gerais da Assufsm, Loiva Chansis, que fez um discurso muito tocante para o público presente na audiência. Ela criticou o projeto neoliberal e fascista do Governo Bolsonaro e ressaltou que as entidades sindicais são protagonistas na defesa das universidades.
Loiva convocou o público para ir às ruas e lutar pela Universidade, lembrando que apenas com a unidade entre gestores, estudantes, docentes e técnicos(as) será possível fazer alguma mudança efetiva e impedir que esse bloqueio seja concretizado.
O Coordenador de Formação Política e Sindical, Eloiz Guimarães, também fez um discurso destacando a realidade social do país e a importância da luta e união nesse momento crítico.
“Nós estamos em todas as frentes lutando para que essa universidade se mantenha pública e inclusiva para os filhos e filhas dos e das trabalhadoras”, colocou Guimarães.
O Presidente da ATENS (Seção Sindical dos Técnicos de Nível Superior da UFSM), Clóvis Senger, colocou:
“Esse quadro é uma síntese do país que vivemos hoje, construído pós-golpe de 2016 e que a partir dali, entrou em uma espiral descendente”, diz Clóvis.
Senger criticou a prioridade de investimentos do Governo, que insiste em tentar acabar com o ensino e a saúde públicos. Ele também fez uma reflexão sobre a enorme desigualdade social brasileira, cada vez mais escancarada no projeto de governo do Bolsonaro.
Por sua vez, o Coordenador de Aposentados e Aposentadas do SINASEFE, Cláudio Nascimento, destacou a realidade social de Santa Maria, que cada vez mais, é atingida pela falta de investimentos na Universidade. Ele explicou que tudo o que é recebido na UFSM, acaba circulando nos produtos de consumo da cidade, além de reforçar as palavras da Coordenadora Geral da Assufsm Loiva sobre ir às ruas para lutar.
Já o Professor e Presidente da Sedufsm, Ascísio dos Reis Pereira, falou sobre a realidade dos e das estudantes, que sofrem todos os dias com os cortes no orçamento. O Professor também reforçou as palavras de Loiva:
“Nós da Sedufsm, junto com Técnico Administrativos(as) em Educação, estudantes e comunidade, reforçamos que temos de estar na rua por Santa Maria, pela UFSM e contra o projeto de genocídio que governa esse país”, clama ele.
Movimento Estudantil e os Cortes Orçamentários
Representando os e as estudantes de graduação, o morador da Casa de Estudante (CEU), Luiz Boneti, começou sua fala questionando sobre as cadeiras vazias no auditório e a ausência dos deputados(as). Ele criticou a negligência política com a situação das universidades, além de avaliar que a atual gestão do Governo não quer pobres na universidade.
Boneti lamentou os sonhos perdidos de uma geração, que perde profissionais por políticas de desigualdade. Ele também perguntou aos docentes e técnicos(as) se eles estariam na UFSM se não fossem pelas políticas de inclusão e pelos recursos das casas de estudante e dos restaurantes universitários.
No momento em que o estudante terminou seu discurso, o público entoou em coro a seguinte frase:
“Não vai ter corte, vai ter luta”
A audiência terminou após uma conclusão da administração da universidade, a qual afirma que irá se manter resistente aos bloqueios e promete lutar pela qualidade da universidade. Além disso, a direção promete que a UFSM seguirá sendo pública, gratuita e acessível aos diversos públicos.
TAE, participe dos debates da universidade e lute contra o corte orçamentário!
Confira como foi a Audiência Pública, em fotos, clicando aqui.