Na segunda-feira (05), aconteceu a abertura da programação integrada do mês da Consciência Negra, no Centro de Convenções da UFSM. Durante a cerimônia, a patronesse prof. Doutora Maria Rita Py Dutra recebeu a placa institucional com o título e em seu discurso reforçou a importância da educação como um instrumento de combate ao racismo.
Maria Rita Py Dutra, mulher negra, doutora, escritora, mãe, vó. Com uma trajetória histórica de luta e resistência negra, Maria Rita foi escolhida como patronesse deste ano, do Mês da Consciência Negra para representar mulheres e homens negros. Quando foi compor a mesa de abertura, a professora doutora foi aplaudida de pé pelos presentes.
A patronesse recebeu a placa institucional com emoção e desabafou que recebeu o convite com felicidade e surpresa. Para ela, este símbolo é de todos e todas pois ela, enquanto mulher negra, é uma referência para muitos e muitas outras. Maria Rita destacou ainda que é necessário reconhecer e refletir que em meio a conjuntura política, a população negra será a mais atingida. “A perda de direitos será ainda maior. A nova presidência é contrária aos avanços sociais das minorias e todos nós sentimos quando um irmão nosso é atacado”, reforça.
Maria Rita ainda destaca que a luta da população negra é histórica e apesar do acesso da população nas universidades é fundamental pensar também na permanência material e simbólica. “A ausência de referenciais negros(as), a falta de acolhimento em sala de aula e a rejeição de afeto dentro da universidade é preocupante e nesse sentido se faz muito importante a existência de grupos e coletivos negros para darem apoio e sustentamento para os nossos”, finaliza.
Ao iniciar a cerimônia de abertura, o técnico-administrativo em educação, Victor Lopes de Carli destacou a importância da luta pela manutenção das ações afirmativas, pois esta conquista possibilitou o acesso de negros e negras nas universidades. “Em meio a conjuntura política que estamos é essencial a manutenção das cotas, essa é uma conquista nossa”, enfatiza.
O reitor professor Paulo Afonso Burmann, também integrante da mesa, em seu discurso destacou que este é um momento de insegurança e incertezas. Durante sua fala, relembrou da Lei 12.711 (Lei das Cotas), da Lei 10.639 (estabelece a obrigatoriedade do ensino de “história e cultura afro-brasileira” nas escolas) e da portaria que institui a cota na pós-graduação que são alguns instrumentos que atuam no combate às desigualdades sociais nas universidades. Ao finalizar seu discurso, parabenizou a patronesse por toda a luta e trabalho pela causa negra.
A noite de abertura da programação integrada do mês da Consciência Negra foi marcada ainda por intervenções de estudantes negros e negras, leitura de uma nota de repúdio de estudantes pelos ataques racistas na UFSM e finalizou com o show da cantora Deborah Rosa.
Confira a programação completa aqui.