Em plenária universitária ocorrida na última quarta, 30 de maio, sindicatos e diversos coletivos estudantis aprovaram a elaboração de uma nota em solidariedade, tanto à luta dos caminhoneiros, cujo processo ainda estava em andamento, mas chegando ao final, quanto à mobilização dos petroleiros, que iniciavam uma greve de 72h. Você pode conferir o conteúdo do documento a seguir:
“Nota de apoio à luta dos caminhoneiros e dos petroleiros
A greve dos caminhoneiros, que durante 10 dias abalou as estruturas sociais, políticas e econômicas do Brasil, recebeu o apoio da maioria do povo brasileiro, em razão dos altos custos dos combustíveis automotivos, do gás de cozinha e as suas consequências indiretas como o aumento de preços relacionados ao transporte de produtos no Brasil. Somente nos últimos 30 dias a Petrobrás promoveu 16 reajustes nos preços desses combustíveis nas refinarias, acompanhando a volatilidade do preço dos Barris de Petróleo no mercado internacional. Para o consumidor final, os preços médios da gasolina e do óleo diesel subiram nas bombas, respectivamente, 47% e 38,4%.
Segundo o DIEESE, a causa desses reajustes está na política adotada pela Petrobrás na definição dos preços de derivados de petróleos no Brasil de paridade internacional, isto é, a Petrobrás passou a adotar, nas suas refinarias, os preços desses derivados no mercado internacional e, desde então, as correções nesses preços passaram a ser diárias. Essa política veio acompanhada de duas outras medidas: a redução da produção em suas refinarias e o anúncio da venda de quatro de suas refinarias no Brasil. Essas medidas, além do aumento nos preços dos combustíveis, possibilitam maior participação de empresas privadas e a entrada de capital estrangeiro na gestão da Petrobrás. Em outras palavras, essas medidas, de conjunto, abrem o caminho à privatização da Petrobrás para entregá-la às grandes companhias de petróleo estrangeiras. É nesse contexto que os petroleiros, em todo o país, deflagraram uma greve nacional de advertência de 72 horas exigindo, dentre outras coisas, a redução dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis, contra a perda de direitos, contra a privatização da Petrobrás e pela saída imediata de seu presidente.
A greve dos caminhoneiros cumpriu um papel muito importante no atual cenário da política brasileira, tanto pela repercussão econômica como pela repercussão política que teve, pois criou a possibilidade de generalizar as mobilizações por todo país e de unificar o conjunto das lutas de nossa classe diante do ataque brutal que o governo Temer tem imposto a nós e à população pobre de nossa periferia.
As grandes mobilizações e as greves que eclodem por todo o país − somadas à insatisfação da população brasileira em relação ao Governo Temer, ao Congresso Nacional e ao STF – possibilitam que todas as lutas de nossa classe sejam unificadas na perspectiva de construção de uma grande Greve Geral, para exigir, de imediato, a redução dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha. Mais do que isso, exigir a revogação da Reforma Trabalhista, da Lei da Terceirização, da EC 95/2016, a retirada da pauta do Congresso Nacional da Contrarreforma da Previdência Social, a garantia de uma universidade pública, estatal, gratuita, laica, democrática e socialmente referenciada, o Fora Temer e todos os corruptos que o apoiam.
Nos marcos dessa conjuntura é fundamental que as centrais sindicais e os sindicatos se reúnam imediatamente para tomar uma posição enérgica na organização de uma greve geral para lutar por uma pauta que enfrente os principais problemas dos trabalhadores. É preciso parar o Brasil! Para isso, é preciso aumentar as manifestações de outras categorias em luta.
Repudiamos, ainda, que o governo federal mobilize a força de segurança nacional para reprimir, não somente o movimento grevista dos caminhoneiros, mas a qualquer movimento de paralisação. É necessário dizer em alto e bom tom que não é admissível, em hipótese alguma, a intervenção das Forças Armadas nesse processo de luta justa e necessária nem qualquer ato que venha restringir, minimamente que seja, a garantia das liberdades democráticas.
Nós, servidores públicos federais e, em particular, comunidade acadêmica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), somos atingidos diretamente por todas essas medidas, por todos esses ataques. Nesse sentido, temos que nos colocar nessa luta apoiando as greves dos caminhoneiros, dos petroleiros e de outras categorias. Além disso, temos, ainda, que nos organizar enquanto comunidade universitária, uma unidade que congregue os três segmentos da UFSM. Para isso, a SEDUFSM, a ASSUFSM, a ATENS, o SINASEFE e representantes dos estudantes conclamam suas bases para construir um comitê de mobilização em apoio a essas lutas, para discutirmos a conjuntura nacional que ora se apresenta e para definirmos as ações que iremos tomar para enfrentar esses ataques.”
Assinam a nota: Sedufsm; Assufsm; Sinasefe; Atens, APG (Associação de Pós-Graduandos) e coletivos estudantis independentes.
Texto: Assessoria de Imprensa Sedufsm.
Foto: Bruna Homrich