Carreira de TAEs e Assédio Moral é tema de roda de conversa promovida pela Assufsm

Março é um mês em que se intensifica a discussão de pautas voltadas às mulheres. Em alusão ao 08 de março, dia internacional da mulher, é comum a preparação de atividades que fortaleçam o empoderamento feminino e se denunciem práticas opressoras como o machismo, o feminicídio e a violência contra a mulher.

Na quarta-feira (11), a Assufsm organizou a roda de conversa “Carreira TAEs e assédio moral contra as mulheres”, com o objetivo de trazer essa discussão também para a categoria, principalmente às técnico-administrativas em educação. A atividade teve dois momentos de debate: primeiro sobre as principais consequências do assédio moral na vida das trabalhadoras e também sobre o atual cenário agravante da carreira.

A roda de conversa iniciou com a fala da professora doutora Andrea Cezne, atuante na área de Direito com ênfase em Direito Público, trazendo o conceito de Assédio Moral e as principais formas de prática. “O assédio moral é praticado no local de trabalho ou relacionado ao ambiente de trabalho são condutas que visam desestabilizar, desestruturar e humilhar de alguma forma o (a) trabalhador (a). Ele pode ser praticado tanto pela chefia (vertical descendente); quantos pelos colegas (horizontal) ou pelos subordinados com relação ao chefe”, explica a professora.

Andrea também diferenciou assédio moral de práticas cotidianas de gestão, como por exemplo, procedimentos padrões de avaliação, acompanhamento do desempenho do(a) trabalhador(a) e críticas de forma fundamentada que não exponham ou humilhem o(a) trabalhador (a).

A professora doutora do Departamento de História da UFSM que investiga questões de gênero na época contemporânea, Nikelen Witter, que também esteve participando do debate alertou para a diferença entre organização e hierarquia. Segundo ela, o Brasil tem uma cultura de hierarquização. Dentro do serviço público, a estrutura organizativa é funcional, ou seja, apesar de constar cargos de chefias, eles não são fixos e imutáveis e comumente, isso é confundindo com relações de poder.

“As pessoas confundem organização com hierarquia. Uma coisa é o modus organizacional, outra coisa é nós pensarmos em termos hierárquicos e relações de poder. Porque todo o poder que temos no Serviço Público são consensuais ou transitórios, então não poderes de fato, são coisas emprestadas”, explica a docente.

Encerrada a primeira parte da atividade, o segundo momento de discussão se dedicou a carreira das técnico-administrativas e administrativos em educação, desde o surgimento do Plano de Carreira (PCCTAE) até as mudanças profundas e brutais que estão acontecendo no cenário político atual. A técnico-administrativa em educação Tânia Maria Flores, relembrou os anos de luta e a importância desta conquista. Segundo ela, a construção do PCCTAE deu aos técnico-administrativos e administrativas em educação o reconhecimento enquanto categoria.

A técnico-administrativa em educação, Loiva Chansis também enfatizou que no momento atual, em que o país está sendo presidido por um governo que privilegia a iniciativa privada, estas conquistas estão em risco. Além disso, a TAE lamentou a falta de participação e engajamento da população na defesa da manutenção do Serviço Público.

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