Mulheres chefas de família contam desafios diários na Live Sindical

Durante o mês de maio a Assufsm está com uma campanha de valorização das mulheres. Nessa semana, o assunto da Live Sindical de terça-feira (19) foi “Mulheres Chefas de Família”, com a participação da Técnica em Assuntos Educacionais Alessandra Alfaro e a Auxiliar em Administração do curso de Pedagogia Gessiane Rehbein.

Alessandra é mãe de dois filhos: o primogênito de 7 anos e o bebê da casa de 1 ano. Já Gessiane tem uma filha adolescente de 17 e está na espera do nascimento do caçula. As duas mulheres também estão em trabalho remoto com as atividades da UFSM e dão conta dos desafios diários de gastar a energia das crianças.

“Eles são ativos quase 24 horas do dia. Nós estamos usando muito da criatividade para envolver eles em casa. O mais novo, por ser ainda bebê, depende bastante da gente para realizar atividades, já o mais velho tem independência para jogar video-game, assistir televisão. Eu e meu marido também estamos realizando atividades escolares com ele”, conta Alessandra.

As duas mulheres também cumprem agendas com reuniões, atendimentos e orientações aos alunos e alunas da universidade e auxílio da chefia. Gessiane e Alessandra compartilham das mesmas angústias: o medo de não dar conta e estar se cobrando de mais.

“No início da quarentena eu estava ficando ansiosa e estressada com as várias atividades. Mas aprendi que não podemos nos fazer tantas cobranças. Tento realizar o máximo de atividades possíveis dentro do que consigo e agradeço muito pelo privilégio que tenho de não precisar sair de casa para trabalhar nesse momento, podendo proteger e cuidar quem eu amo e a mim mesma”, salienta Alessandra.

Para Gessiane, a experiência de estar em casa passando mais tempo ao lado da filha está sendo um aprendizado constante.

“Ela está muito feliz por acompanhar bem mais de perto minha gestação. Por morar em Faxinal do Soturno, estou 100% em trabalho remoto, o que me possibilita cuidar mais da minha saúde, da saúde do bebê e da minha filha”, afirma Gessiane.

No Brasil, hoje, segundo o Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – 40% dos domicílios brasileiros tem mulheres como referência, 28,9 milhões de famílias no Brasil são chefiadas por mulheres e 105% é a porcentagem de crescimento do número de famílias chefiadas por mulheres nos últimos 15 anos. Além de chefiar financeiramente seus lares, a maioria dessas mulheres chefia o cuidado com os filhos e filhas, os serviços domésticos, os estudos dela e das crianças e toda a rotina da casa. Com isso acumulam as terceiras e/ou quartas jornadas de trabalho diárias.

“Antes da pandemia, a rotina aqui em casa era bem corrida. Eu acordava muito cedo para poder ir para Santa Maria. Chegava muito tarde em casa, da UFSM. De noite é que eu ia arrumar a casa, fazer comida, passar um tempo com minha filha. Agora, por não estarmos saindo, o ritmo está um pouco mais lento e estamos realizando as atividades com mais calma”, avalia Gessiane.

Além dos desafios emocionais, essas mulheres chefas de família também enfrentam os altos e baixos da vida financeira. Conforme dados do IBGE, 38,4 milhões de pessoas, o que equivale a 41,1% da população economicamente ativa, é trabalhadora informal.

Durante a pandemia, o desemprego é realidade para milhares de famílias. Para tentar manter a economia ativa, o governo federal propôs um auxílio emergencial de R$ 200, mas o valor proposto por partidos de esquerda e aprovado no congresso é de R$ 600. Renda que está demorando para chegar até os brasileiros.

“A mãe solo tem essa sobrecarga financeira né. É bem difícil não ter ninguém para dividir as contas”, diz Gessiane.

Para Alessandra, o valor do auxílio emergencial é muito baixo para famílias que necessitam pagar suas contas e ter as necessidades básicas como alimentação, higiene, água e luz atendidas.

“Não posso imaginar como essas mulheres estão conseguindo se virar”, desabafa ela.

Alessandra e Gessiane são unanimes ao afirmar que o apoio e a conversa entre mulheres para essas situações é essencial.

Em razão de problemas técnicos, a Live Sindical com a temática de Mulheres como Chefes de Família precisou ser realizada em duas etapas. Você pode assistir, na íntegra, aqui (parte I) e aqui (parte II).

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