CORONAVÍRUS: UFSM expressa preocupação com flexibilização do isolamento social no RS

Após o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciar que caberá a partir de agora aos prefeitos do Rio Grande do Sul, excetuando os da Grande Porto Alegre, decidirem sobre a reabertura do comércio, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) divulgou uma nota criticando a decisão e defendendo que o isolamento social é a melhor alternativa no momento para o enfrentamento da epidemia do novo coronavírus.

A nota, assinada pelas médicas epidemiologistas e professoras do Departamento de Saúde Coletiva Marinel Mór Dall’Agnol e Rosangela da Costa Lima, avalia que as estatísticas oficiais estão severamente subnotificadas. Cita como exemplo o fato de que a cidade de Santa Maria tem, até o momento, 15 casos confirmados de covid-19, mas 559 considerados suspeitos.

As médicas alertam ainda para o fato de que o RS ainda está se aproximando do inverno, época de maior incidência de doenças respiratórias. Segundo elas, não é possível saber como o vírus se comportará, mas a probabilidade é que a situação se agrave.

Confira a íntegra da nota:

Vimos demonstrar nossa preocupação quanto à flexibilização do isolamento social no enfrentamento da epidemia da Covid-19 no Rio Grande do Sul.

As regras para testagem de casos do Ministério da Saúde, diante da quantidade reduzida de testes disponíveis, dirigem-se aos casos mais graves e a profissionais de saúde. Assim, os números apontados nas estatísticas oficiais referem-se, na maioria, a estes, não englobando uma quantidade muito maior de casos notificados como “suspeitos”, mas que geralmente não são testados. Segundo boletim da Prefeitura Municipal de Santa Maria de 14 de abril, são 15 casos confirmados contra 559 suspeitos (residentes na cidade). Os dados da primeira fase de coleta da pesquisa sobre a prevalência populacional de infecção no RS demonstram o contato com o vírus há 15 dias. No entanto, a situação atual de circulação do vírus só será conhecida no inquérito que será realizado daqui a 15 dias.

É preciso lembrar que estamos entrando no inverno, com redução brusca da temperatura no estado, época em que as doenças respiratórias apresentam maior incidência. Desconhecemos qual será o comportamento do novo coronavírus neste clima, mas é muito provável que a situação se agrave, pois o vírus encontrará um ambiente favorável à maior propagação, diante de ambientes fechados e pouco ventilados.

Por estes motivos, ainda recomendamos a manutenção do isolamento social como melhor estratégia para o enfrentamento da epidemia, redução do número de casos e mortes causadas pelo Coronavírus.

Marinel Mór Dall’Agnol, Laboratório de Epidemiologia, Departamento de Saúde Coletiva, UFSM, professora, médica, epidemiologista.
Rosangela da Costa Lima, Laboratório de Epidemiologia, Departamento de Saúde Coletiva, UFSM, professora, médica, epidemiologista.

Texto: Sul 21.

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