A doutora em epidemiologia, enfermeira e professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) Ethel Maciel participou da Live Sindical da Assufsm para debater sobre os desafios e as transformações da educação durante a pandemia do Coronavírus. No estado do Espírito Santo, as universidades públicas estão sem aulas desde o início da COVID-19. Segundo a professora, a pandemia foi bastante severa, isto porque o estado possui cerca de quatro milhões de habitantes, mas mais de duas mil pessoas já morreram por terem contraído o vírus.
“O primeiro caso aqui no estado foi de uma pessoa que voltou da Itália infectada e não quis realizar o isolamento social. Ela viajou para o interior, contaminando muitas outras pessoas e o vírus se espalhou. A vigilância de saúde precisou ingressar com um pedido judicial para fazer com que essa pessoa permanecesse isolada. Mas o início da pandemia, aqui no Espirito Santo, foi muito complicada, por não temos voos internacionais diretos, eles sempre fazem escala entre Rio de Janeiro e São Paulo, o que agravou a situação”, lamenta Ethel.
Outro apontamento que a professora faz é sobre a importância de se ter o SUS – Sistema Único de Saúde – e as Universidade Públicas no Brasil. Conforme ela, são as universidades que estão auxiliando governos e governantes durante a pandemia, em planos e ações de enfrentamento ao Coronavírus. De acordo com Ethel, é no seio das universidades públicas que 90% da pesquisa e da ciência brasileira é feita, tanto nas instituições federais como nas estaduais.
“Essa pandemia também nos mostrou a importância em defendermos o SUS. Sem ele, teríamos muito mais mortes. Temos cerca de 70% de brasileiros e brasileiras que dependem unicamente do SUS. É um sistema que tem suas falhas e fragilidades, devido à falta de financiamento ao longo dos anos, mas é universal e precisamos fortalecer o SUS”, alerta ela.
Para finalizar, Ethel também falou sobre a importância em debater questões sobre a vulnerabilidade de estudantes e trabalhadores e trabalhadoras. Para ela, o momento não é para discutir a respeito de aulas e trabalhos remotos.
“Temos um percentual muito grande de pessoas que perderam seus empregos no início da pandemia e atualmente não tem nem o que comer. A discussão, que se concentra em ver quem vai disponibilizar equipamento e internet para as aulas e trabalhos remotos, deveria se voltar para a assistência e necessidades essenciais dessas pessoas. Nós estamos em um momento que as pessoas estão adoecendo e morrendo. Em muitos dias nossa saúde mental não está bem para seguir. Os índices de suicídio aumentaram. Estão acontecendo muitas coisas que não podem ser debatidas de forma rasa”, adverte a enfermeira.
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