NOTA DE REPÚDIO: Até quando sem nós?

Comissão de Mulheres do ato 8M de Santa Maria, escreveu nota de repúdio à falta de diálogo da Prefeitura de Santa Maria com as várias representatividades de mulheres. Veja a integra da nota:

O dia 8 de março consolidou-se como dia de luta das mulheres trabalhadoras há mais de 100 anos atrás, e teve, desde o princípio, o objetivo de trazer à tona a opressão estrutural do sistema patriarcal contra as mulheres, em busca de melhores condições de vida. Neste ano de 2022, a data passa em um momento extremamente adverso para toda a classe trabalhadora no mundo, especialmente para as mulheres. Mais do que nunca, a concretização desta data como um dia de Greve Internacional, com atos massivos de rua e paralisações do trabalho produtivo e reprodutivo, é imperativo. As mulheres trabalhadoras e toda nossa classe estão sendo massacradas pela pandemia, devido à condução indevida dos Estados capitalistas e a desigual vacinação em nível global em prol da lucratividade burguesa. Para além disso, temos sofrido e morrido nas guerras imperialistas, em abortos clandestinos, nas filas do sistema de saúde, no genocídio do povo negro, no extermínio dos povos indígenas, nas imigrações e nos trabalhos mais precarizados.

Herdamos essa importante data de luta da Organização Internacional das Mulheres Socialistas, protagonizada por Clara Zetkin, Alexandra Kollontai e outras centenas de lutadoras. Clara Zetkin sugeriu, em 1910, na II Conferência Internacional das mulheres socialistas, uma data específica para dar visibilidade à situação das mulheres na época.

Decorridos mais de 100 anos da fundação deste importante dia, as pautas reivindicatórias continuam as mesmas: desemprego, baixos salários, carestia, falta de vagas em creches e pré-escolas, atendimento deficitário na saúde, falta de moradia digna, exclusão de atividades de lazer ou culturais. Violência contra a mulher, feminicídio ou morte de seus filhos em decorrência de bala perdida. Diante dessa conjuntura é fundamental estarmos massivamente compondo os atos do 8 de março, mas também fazendo dessa data um espaço de inserção entre as mulheres trabalhadoras.

Lutamos para que nossas pautas não sejam transformadas em flores e chocolates, em maquiagem e bem estar, pelos gestores do nosso país, estado e município. Queremos políticas públicas que contemplem as mulheres das periferias, principalmente aquelas que retornaram para extrema pobreza no governo de Bolsonaro-Mourão, que aplica diariamente sua política genocida no nosso povo.

Diante de toda a luta histórica em que nós, mulheres trabalhadoras, travamos, da permanente luta diária por direitos e contra toda a forma de opressão, das violências simbólicas e físicas que ao longo dos tempos são impostas pelo machismo estrutural, REPUDIAMOS e denunciamos a falta de diálogo da Prefeitura Municipal de Santa Maria para com os movimentos sociais e sindicais da cidade, que programam atividades sem a construção coletiva com a classe trabalhadora, ignorando e afrontando o povo com o planejamento de atividades meramente celebrativas, com uma agenda totalmente desconectada das pautas e realidades das mulheres da nossa cidade. Ignoram e negam toda a organização política e social das mulheres que vivem na pele a opressão e exploração da desigualdade social em nossa cidade.

Nota de repúdio e arte: Comissão de Mulheres Ato 8M/SM

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