A Assufsm vem a público repudiar a negligência com o patrimônio social e histórico do Brasil, que resultou no incêndio do Museu Nacional, a mais antiga instituição científica do país, atualmente ligada à UFRJ. O incêndio é fruto do descaso com a educação, e um reflexo da política de cortes de recursos dos governos, que atingem todas as Instituições de Ensino Brasileiras.
Fundado em 1818 por Don João VI, o Museu Nacional completou 200 anos este ano, em meio a denúncias dos funcionários e da direção, sobre o descaso com o local. O Museu funcionava desde 2014 sem receber integralmente a verba de R$ 520 mil anuais, que custeariam sua manutenção. Assim, a verba era insuficiente para realizar as reformas estruturais necessárias.
Estima-se que cerca de 20 milhões de peças, obras e documentos de valor arqueológico, antropológico e cultural foram perdidos no incêndio. Dentre os objetos perdidos, está o fóssil mais antigo da espécie humana encontrado na América, nomeado Luzia, de 11.500 anos. Tais objetos históricos, frutos de dois séculos de ciência, resistiram ao tempo. Mas não resistiram às políticas neoliberais de ajuste fiscal.
O incêndio não foi uma tragédia, um problema de gestão ou administração: ele expressa a calamidade em que se encontra o Brasil. Onde a prioridade são os lucros, em detrimento dos direitos básicos e da história do nosso povo. Esses ataques se intensificam a partir da aprovação da Emenda Constitucional 95/2017, a PEC do Teto dos Gastos, que congela os investimentos por 20 anos.
Denunciamos, portanto, que o cenário de precarização e sucateamento dos serviços públicos se intensificará nos próximos períodos, se não houver a revogação da EC 95. Mais uma vez são tratados como “gastos” os investimentos na manutenção de instituições públicas como o Museu Nacional; e também os repasses necessários para garantir as necessidades dos trabalhadores brasileiros (saúde, educação, segurança e assistência social).
Nos solidarizamos com a gestão do UFRJ, com os Técnico-Administrativos e Administrativas que trabalhavam no museu, e com a população do Brasil, que vê hoje parte da história do país virar cinzas.
*Foto: Tânia Rego/Agência Brasil.