Essa é uma das inúmeras preocupações que a gestão da Universidade Federal de Santa Maria está tendo que administrar em relação aos cortes e bloqueios orçamentários que a Universidade vem sofrendo ao longo de vários anos. O Reitor Luciano Schuch esteve presente na Reunião Pública que aconteceu na noite do dia 20 de junho, na Câmara de Vereadores(as) de Santa Maria, e relatou que essa é a primeira vez que a instituição estuda corte de verbas em ações para estudantes.
“Em outros momentos de bloqueio e cortes, nós apenas mexíamos no administrativo, porém, atualmente estamos com um bloqueio orçamentário de 9,3 milhões de reais – uma diminuição de 7,2% do orçamento, que caiu de R$ 128,9 milhões, definidos pela Lei Orçamentária Anual, para R$ 119 milhões. Na semana passada, o governo federal anunciou que, deste valor bloqueado, haverá um corte de 4,2 milhões de reais e seguem bloqueados 4,6 milhões de reais para a Instituição”, retrata Schuch, em números.
O Reitor reiterou sua fala sobre a Audiência Pública que já foi realizada na UFSM, no dia 9 de junho de 2022, e você pode clicar aqui para ler mais. Ainda segundo Luciano, com falta de recursos, a Universidade caminha para ser um grande “colegião”, não podendo realizar sua pesquisa e extensão.
“A UFSM não irá parar, mas está com suas atividades comprometidas e terá condições de trabalho e estudo precárias. Além disso, nosso grupo de terceirizados(as), como vigilância e limpeza, também será imensamente afetado, fazendo com que Santa Maria deixe de girar milhões na economia local, já que virão e já estão ocorrendo demissões, por falta de verba”, salienta o Reitor.
Assufsm em luta
Representando a Assufsm estiveram as Coordenadoras Gerais Loiva Chansis e Tânia Maria Flores e um dos Coordenadores de Formação Política e Sindical Eloiz Cristino, o qual integrou a mesa oficial de debates durante a Reunião, e defendeu a luta unificada contra os cortes e bloqueios orçamentários.
“A Universidade pede socorro. A barbárie está acontecendo no presente. Precisamos de uma grande luta para defender a educação pública no Brasil”, afirma ele.
Tânia também falou na tribuna da Câmara e concedeu entrevista para o Setor de Comunicação da Assufsm. Conforme ela, se está em mais um momento de ataque a universidade.
“Por isso, digo para nossa categoria que precisamos nos reunir e lutar para barrar esses cortes na nossa instituição, porque eles impactam em perdas por toda Santa Maria e também na região. Nossa união deve ser para impedir que a UFSM morra à míngua, como estão querendo”, finaliza ela.
Participações de entidades e movimentos sociais
Na reunião, também estiveram presentes entidades sindicais e movimentos estudantis, como: Assufsm, Sedufsm, Sinasefe, Atens, APG, DCE, União Estadual dos e das Estudantes (UEE), Movimento Negro Unificado, Sindiágua, Práxis, representantes de órgãos públicos, vereadores(as) e secretários(as) de Santa Maria, administração da UFSM, Prefeitura de Santa Maria, na pessoa do Chefe de Gabinete Alexandre Lima – representando o Prefeito Jorge Pozzobon -, o Presidente da Câmara de Vereadores(as) de Santa Maria Valdir Oliveira (PT) e o Presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e deputado Valdeci Oliveira (PT), que iniciou a Reunião Pública defendendo que a UFSM possa seguir realizando ensino, pesquisa e extensão com qualidade e repudiando o corte e bloqueio orçamentário na instituição.
O Chefe de Gabinete Alexandre, representante da prefeitura da cidade colocou o município à disposição da Universidade para que sejam realizadas ações necessárias em defesa da UFSM.
O professor e Diretor Geral da Sedufsm Ascísio dos Reis Pereira também esteve presente e defendeu a Universidade. Conforme ele, os cortes são processos intencionais, por parte de governantes, para mostrar que a que a UFSM é inimiga da sociedade e por isso é necessário lutar e resistir contra a precarização na UFSM.
O Coordenador de Aposentados(as) do Sinasefe de Santa Maria Claudio Nascimento também defendeu que as condições de trabalho e estudo sejam dignas para quem frequenta a Federal.
A representante da Atens Gléce Cóser também esteve na tribuna da Câmara e retratou muitas realidades de estudantes da instituição que não estão conseguindo benefício socioeconômico para se manter estudando.
“Lamento por aqueles e aquelas que já tiveram ou terão que retornar paras suas casas por não conseguir permanecer na universidade por falta de Restaurante Universitário, auxílio transporte, corte de bolsas de pesquisa. Tudo isso porque estão cortando nossas verbas”, desabafa ela.
Também estiveram na tribuna o ex-Reitor da UFSM Paulo Burmann, a professora e ex-Vereadora Helen Cabral, a alfabetizadora Maria Rita Py Dutra, a Técnico Administrativa em Educação Ângela Maria Souza, o representante da UEE Daniel Balin, o Presidente do Conselho Municipal de Igualdade Racial Gustavo Rocha, o AfroGuga, o estudante de Direito da UFSM Luiz Boneti e a representante da APG Paula Ponciano, que recordou a dificuldade que teve em sair de sua cidade natal para poder estudar na UFSM e só conseguiu se formar e realizar Pós-Graduação por ter acesso aos Benefícios Socioeconômicos para se manter na Universidade.
Manifesto será encaminhado ao governo federal
Como encaminhamento da reunião pública, à pedido de uma das Coordenadoras Gerais da Assufsm Tânia Maria Flores, o presidente da Câmara deliberou pela elaboração de um manifesto contrário aos cortes orçamentários da UFSM a ser enviado ao governo federal. O documento ficará disponível para a assinatura dos 21 vereadores(as) santa-marienses.
A atividade foi transmitida ao vivo pelo canal de Youtube da TV Câmara SM.