Violência de Gênero é tema central no Encontro Nacional da Mulher Trabalhadora que finalizou as atividades no sábado (07)

Os dias 6 e 7 de junho foram de intenso debate em Brasília, no Encontro das Mulheres Trabalhadoras da FASUBRA. Como representantes das mulheres trabalhadoras da Assufsm, foram as TAEs Rosimar Rubenich e Natália Weiss. Em clima de acolhimento e resistência, as falas iniciais prestaram uma homenagem simbólica à pioneira do feminismo no Brasil, Bertha Lutz (veja aqui).

Acompanhe como foram os debates de luta e resistência durante o último final de semana, abaixo:

Violência de Gênero

A tarde desta sexta-feira, (6) foi marcada por reflexões sobre violência de gênero durante o Encontro Nacional da Mulher Trabalhadora da FASUBRA. As atividades foram coordenadas por Rosângela Costa e Bianca Zupirolli. A programação teve início com a palestra da professora Letícia Carolina Nascimento, da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e diretora do ANDES-SN. Atuante nas pautas de igualdade racial, direitos das mulheres e da população LGBTI+, Letícia compartilhou um panorama histórico de sua trajetória no movimento sindical. Defendeu a urgência da incorporação de políticas de gênero e sexualidade nas pautas sindicais:

“O movimento sindical tem que trabalhar políticas de gênero e sexualidade de uma forma mais ascendente”, afirmou.

Na sequência, a professora Clarisse Goulart Paradis, Cientista Política, militante da Marcha Mundial de Mulheres e do movimento sindical falou sobre “Violência de Gênero nos Espaços de Poder”. Clarisse destacou que a violência contra as mulheres é um instrumento de dominação historicamente construído. Ela também trouxe dados alarmantes de um estudo realizado pela organização Justiça Global, sobre violência política e eleitoral no Brasil. Segundo a pesquisa, 60% das prefeitas relataram ter sofrido violência por estarem na política. Clarisse alertou ainda para o crescimento das agressões no ambiente digital:

“A internet se tornou um grande palco para ofensas e violência contra mulheres. É essencial que o movimento sindical atue ativamente também nesse campo”, ressaltou.
As discussões foram seguidas de um amplo debate entre as participantes, que compartilharam vivências, desafios e estratégias de enfrentamento à violência de gênero nos diversos espaços sociais e profissionais. O encontro reforçou o papel do sindicalismo como ferramenta de transformação social, especialmente na luta por equidade de gênero e justiça para as mulheres.

Convenção 190 da OIT é debatida no Encontro Nacional da Mulher Trabalhadora

Na manhã deste sábado (7), o Encontro Nacional da Mulher Trabalhadora deu início às suas atividades com um importante debate sobre a Convenção nº 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A palestra foi proferida por Camila Galetti, doutora em Sociologia pela Universidade de Brasília (UnB), pesquisadora das novas direitas, do antifeminismo e do neoliberalismo, mestre pela mesma instituição, onde estudou os movimentos feministas contemporâneos e o ciberativismo.

A Convenção 190, ratificada por diversos países, é o primeiro tratado internacional a reconhecer formalmente o direito de todos a um mundo de trabalho livre de violência e assédio. O texto destaca que a violência de gênero afeta desproporcionalmente mulheres, meninas e outros grupos vulneráveis que sofrem discriminações múltiplas e interseccionais. Durante a apresentação, Galetti reforçou que a convenção deve ser compreendida como uma “ferramenta estratégica de resistência”. Para ela, reconhecer a violência de gênero como um problema coletivo é fundamental para a construção de soluções também coletivas, com papel central do movimento sindical.

“O ambiente de trabalho precisa problematizar e pensar soluções para que as mulheres estejam nesses espaços sem sofrer ataques ou violência pelo simples fato de serem mulheres”, afirmou a socióloga. Segundo ela, é papel dos sindicatos não apenas defender direitos trabalhistas, mas também atuar ativamente na transformação cultural e estrutural dos ambientes de trabalho. O debate marca o compromisso do Encontro Nacional da Mulher Trabalhadora em pautar temas urgentes para a luta das mulheres no mundo do trabalho, reforçando a necessidade de políticas públicas, legislação efetiva e ação sindical contínua para combater todas as formas de opressão.

A última atividade do Encontro Nacional da Mulher Trabalhadora, foi marcada por apresentação de propostas que serão encaminhadas à direção nacional.

Os trabalhos finais do encontro foram conduzidos pelas coordenadoras Rosângela Costa e Bianca Zupirolli, que destacaram a importância do espaço de escuta, diálogo e construção coletiva. Segundo as organizadoras, o momento de debates foi especialmente rico, com a participação ativa das representantes de diversas regiões do país.

26 entidades participaram do evento e o encerramento reforçou o compromisso das participantes com a luta por mais direitos. As representantes da Direção fizeram dois importantes encaminhamentos:

1) A realização de dois Encontros Nacionais: a) sobre Assédio Moral e Sexual no qual as entidades poderão apresentar as ações e publicações sobre o tema e; b) Encontro Nacional Intersecional sobre todos os tipos de opressões;
2) Normatização para a retirada das e dos representantes para os Encontros Nacionais.

Texto: FASUBRA

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