De 22 a 24 de novembro, o GT Políticas Sociais e Antirracistas da Assufsm está em Brasília, para debater sobre as lutas do povo negro. A comitiva que viajou é composta pela Coordenadora Jurídica e de Relações de Trabalho Jiele Silva, a Coordenadora de Secretaria Jaíne Vasconcellos, o Coordenador de Esporte Cultura e Lazer Paulo Quadrado, a TAE ativa da base Alessandra Alfaro e o TAE aposentado de base Antoninho Ezequiel.
Sábado (22)
O Encontro de Raça e Etnia da FASUBRA Sindical teve início na manhã deste sábado (22), no auditório do Sindsep-DF, em Brasília. A atividade reuniu representantes de diversas entidades e militantes do movimento sindical comprometidos com a promoção da igualdade racial e o fortalecimento das pautas antirracistas.
A mesa de abertura foi composta pela coordenadora-geral da FASUBRA, Ivanilda Reis; por Rosângela Costa, representando a coordenadora-geral Cristina del Papa; e por Melissa Campos, representante da coordenadora-geral Loiva Chansis. Também integraram a mesa os coordenadores de Raça e Etnia da Federação, Lenilson Santana e Lucivaldo Alves, além de Gracinete Souza, do ANDES-SN.
Durante as falas iniciais, os participantes destacaram a importância da luta coletiva contra o racismo estrutural e reforçaram a necessidade de ampliar a participação da categoria nos debates sobre diversidade, representatividade e enfrentamento das desigualdades raciais.
Em seguida, foi realizada a mesa “Nivelamento e Letramento Racial – Construindo um Vocabulário Comum de Luta”, conduzida por Alex Tomax, técnico-administrativo em educação do Instituto Federal do Paraná (IFPR). A apresentação abordou conceitos essenciais para a compreensão das estruturas de discriminação racial e ressaltou a urgência de qualificar o debate dentro das instituições públicas.
Domingo (23)
O segundo dia do encontro foi marcado pelo debate sobre a luta do povo indígena e o protagonismo das mulheres negras, pela manhã. Já de tarde, a pauta foi sobre a saúde do trabalhador(a) com foco em violência obstétrica e anemia falciforme.
De manhã a atividade foi mediada pelos coordenadores Lenilson Santana e Rosângela Costa e teve como convidado o cacique Célio Fialho, da Aldeia Bananal, localizada em Aquidauana (MS), que ministrou a palestra “Saúde e luta indígena: da aldeia à universidade”.
Durante sua apresentação, o cacique destacou que a educação é uma das principais ferramentas de resistência e transformação para as comunidades indígenas. Enfatizou que o acesso à universidade representa não apenas a conquista individual, mas um avanço coletivo, capaz de fortalecer a autonomia e a preservação cultural dos povos originários.
Em seguida, o encontro prosseguiu com a mesa temática “Mulheres inspiradoras”, conduzida por Lucivaldo Santos e Mary Caroline, e que teve como convidada Norma Santiago, pesquisadora e representante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A palestrante trouxe reflexões sobre os desafios históricos e contemporâneos enfrentados pelas mulheres negras no Brasil, abordando desigualdades estruturais, protagonismo político e estratégias de enfrentamento ao racismo e ao sexismo.
Já pela tarde, os debates tiveram início com a mesa temática “Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora”, que trouxe reflexões sobre desigualdades estruturais que impactam diretamente a saúde da população negra.
A primeira exposição foi apresentada pela pesquisadora e advogada Ilka Teodoro,que abordou o tema da violência obstétrica, destacando como práticas desumanizadas no atendimento à gestante ainda persistem nos serviços de saúde, afetando de maneira mais severa mulheres negras. Ilka ressaltou a importância da formação permanente de profissionais e da construção de políticas públicas que assegurem atendimento equitativo e respeitoso.
Em seguida, a pesquisadora e socióloga Jaqueline Durães realizou uma palestra sobre doença falciforme, doença genética que incide majoritariamente na população negra. Durante sua apresentação Jaqueline enfatizou os desafios enfrentados pelas famílias no acesso ao diagnóstico, ao tratamento adequado e à informação. Compartilhou, também um relato pessoal, mencionando ser tia de um adolescente com doença falciforme, o que fortalece seu compromisso na defesa de políticas de atenção integral às pessoas com a doença.
O encontro segue nesse dia 24 e termina amanhã, com 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, organizada pelo Comitê Nacional da Marcha das Mulheres Negras e convocada pela FASUBRA. A saída está prevista para às 9h, do Museu Nacional, em Brasília.
Além disso, o GT Políticas Sociais e Antirracistas da Assufsm enviou para a FASUBRA algumas propostas antirracistas para superação das desigualdades de gênero e raça nas IFES:
1. Mapeamento das lideranças institucionais
Realizar um diagnóstico abrangente do perfil das lideranças ocupantes de cargos de direção, identificando a representatividade por gênero e raça. Essa ação permite gerar análises consistentes para reduzir desigualdades estruturais e aprimorar a gestão.
2. Levantamento das estruturas de ações afirmativas nas ifes
Identificar quais instituições já possuem pró-reitorias dedicados às ações afirmativas, garantindo transparência e acompanhamento sistemático das políticas voltadas à redução de desigualdades, especialmente na distribuição de bolsas e oportunidades acadêmicas.
3. Ampliação de recursos para pesquisa com recorte racial
Construir uma agenda institucional para ampliar o orçamento destinado a pesquisas que abordem questões raciais, priorizando projetos liderados por equipes compostas por pessoas negras. Essa iniciativa fortalece a produção científica e promove equidade no acesso a financiamentos.
4. Sistema de acompanhamento e monitoramento
Criar indicadores claros para acompanhar os avanços, assegurando responsabilidade institucional e mitigando riscos decorrentes da manutenção de desigualdades de gênero e raça.
5. Fortalecimento das comissões de heteroidentificação
Inserir como diretriz estratégica o robustecimento das comissões de heteroidentificação, assegurando efetividade na garantia dos direitos das pessoas beneficiárias das políticas afirmativas. A proposta contempla:
Comissões com maioria de pessoas negras, reforçando legitimidade, confiabilidade e aderência às demandas históricas do movimento antirracista.
Participação de pessoas brancas com formação sólida em letramento racial, ampliando a qualificação técnica e a precisão das análises.
Padronização de procedimentos, critérios e metodologias, aumentando segurança institucional e mitigando riscos de fraudes.
Implementação de trilhas formativas contínuas para qualificar os processos avaliativos e assegurar conformidade com marcos legais e normativos.
6. que a fasubra elabore uma campanha de esclarecimento sobre a anemia falciforme em nível nacional
7. que a fasubra crie um protocolo único, para os casos de racismo, nas ifes
Veja o vídeo do Coordenador Paulo Quadrado e da TAE Alessandra Alfaro durante o Encontro de Raça e Etnia da FASUBRA falando sobre o GT Políticas Sociais e Antirracistas da ASSUFSM:
Veja algumas fotos:



