Na noite desta segunda-feira (01), a Câmara de Vereadores de Santa Maria realizou uma Audiência Pública, para discutir a violência contra profissionais da área da saúde, com foco especial nas equipes de enfermagem. O encontro, no entanto, acabou revelando um cenário mais amplo e preocupante sobre as condições de trabalho e a estrutura da saúde pública no município.
Entre os participantes esteve Carlão Militz, Coordenador Financeiro e Patrimonial e representante da Assufsm, que relatou a gravidade das situações apresentadas pelos servidores(as). Segundo ele, embora o tema central fosse a violência sofrida pelos profissionais, grande parte das manifestações abordou problemas estruturais e a precariedade no atendimento à população.
“Os funcionários das unidades de saúde foram lá e reclamaram bastante da qualidade do atendimento e das próprias condições de trabalho, que são muito precárias e generalizadas, aqui em Santa Maria. Eles têm toda razão em reivindicar melhorias”, afirmou Carlão.
Militz destacou que a falta de pessoal é um dos pontos mais críticos. Apesar da existência de vagas não preenchidas, não há realização de concursos, e mesmo novas contratações não seriam suficientes para suprir a crescente demanda. “O que a gente ouviu lá na Câmara foi de apavorar. A saúde pública em Santa Maria está estagnada. A população cresce, mas o número de funcionários não acompanha”, lamentou.
A sobrecarga dos profissionais, segundo o coordenador, contribui diretamente para conflitos com usuários. Com equipes reduzidas, muitos trabalhadores(as) acabam acumulando funções, o que gera demora no atendimento e irritação dos pacientes.
“Um técnico, um enfermeiro ou um médico para atender cinco mil pessoas… Isso estressa qualquer um. A triagem prioriza casos mais graves, mas para o usuário o seu problema sempre parece mais urgente. E aí começam os atritos”, explicou.
Além da falta de pessoal, as unidades de saúde enfrentam problemas graves de infraestrutura. Militz citou casos de roubo de ar-condicionado, fios e equipamentos, que dificultam ainda mais o funcionamento dos postos. “Os funcionários não conseguem oferecer um atendimento de qualidade diante da grande demanda e da falta de condições mínimas para trabalhar”, apontou.
Durante a Audiência, também esteve presente o diretor do Hospital Universitário Humberto Palma, que apresentou um panorama preocupante. Ele recordou que, mesmo após a entrada da Ebserh em 2013 — que trouxe cerca de 1.800 novos funcionários no primeiro concurso —, a situação atual permanece crítica. “A demanda cresce, e quem trabalha na saúde, que normalmente se dedica e tenta fazer o melhor, não consegue, porque precisa suprir outras necessidades que vão surgindo”, relatou Carlão.
Ao final, o representante da Assufsm destacou que, diante das dificuldades expostas, ainda não se vislumbra uma solução concreta para o cenário. “Não há uma luz no horizonte. Mesmo com contratações, não seria suficiente para atender toda a população. Os postos estão quebrados, o sistema está sobrecarregado, e os profissionais estão no limite.”
A Audiência Pública reforçou a urgência de ações efetivas e estruturais para melhorar as condições de trabalho dos profissionais da saúde e garantir um atendimento digno à população de Santa Maria.



