Dados oficiais comprovam: não é verdade que “todo(a) servidor(a) ganha muito”

É provável que você já tenha ouvido dizer que ser servidor(a) público(a) é bastante vantajoso, uma vez que os salários são altíssimos em comparação com o setor privado. No entanto, essa afirmação é uma falácia, ou seja, uma mentira contada sem qualquer fundamento e que acaba sendo transmitida como verdade absoluta. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram o contrário do que vem sendo propagado.

Segundo o estudo Atlas do Estado Brasileiro, feito pelo Ipea em 2018, o salário médio dos servidores públicos do Poder Executivo no ano de 2017 era em torno de R$ 4,2 mil. Entre os anos 1986 e 2017, a remuneração desses servidores teve um aumento de 23,5%. São, portanto, 32 anos para que esse crescimento fosse registrado – uma média de reajuste anual de 0,73%.

“Em geral, as remunerações no setor público estiveram estagnadas ou decrescentes de 1986 a 2003 e houve tendência de aumento de 2003 a 2014, quando os valores se estabilizam”, destaca o estudo.

Também é importante ressaltar outro resultado obtido pela pesquisa do Ipea: a de que os salários dos e das servidoras dos Poderes Legislativos e Judiciários são bem além da remuneração paga aos servidores(as) do Poder Executivo. A título de comparação, servidores(as) do Executivo Federal tiveram média salarial de R$ 8,5 mil registrada em 2017, já no Legislativo Federal, no mesmo ano, esse valor médio vai para R$ 9,9 mil e no Judiciário Federal a diferença é ainda maior: média de R$ 14,1 mil de salário.

Discrepância entre os níveis do Executivo

Ainda na pesquisa Atlas do Estado Brasileiro, o Ipea reconhece a discrepância entre as médias salariais pagas pelo Executivo Federal, em relação aos poderes executivos estaduais e municipais. Contudo, o Instituto explica: “Isto evidencia a concentração de remunerações mais altas em cargos de níveis Federais, nos quais normalmente os e as servidoras desempenham funções de gestão e controle. Por seu turno, no nível municipal, a grande maioria dos e das servidoras atuam em funções executoras, operacionais, ou de menor complexidade gerencial. O nível estadual apresenta as remunerações com valores mais intermediários, o que talvez reflita a natureza híbrida das atividades”.

Outro mote de defesa dos salários pagos ao funcionalismo público revelado pelo Ipea é que a escolaridade destes e destas servidoras aumentou em todos os poderes e níveis da federação. Assim, quem trabalha na Administração Federal possui a maior média de anos de estudo.

“Nossa avaliação é que, em seu conjunto, os dados apresentados estão longe de revelar um setor público em expansão descontrolada, em tamanho e despesa”, observa o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

Este texto faz parte de uma série de reportagens sobre as falácias do funcionalismo público. O intuito do Sinditamaraty é desmistificar alguns discursos falsos sobre o serviço público brasileiro, principalmente neste momento em que a Reforma Administrativa avança no Congresso Nacional.

Texto e Foto: Sinditamaraty

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