Na manhã quente do último domingo (20) a sede Campestre da Assufsm foi local de encontro e celebração do Dia da Consciência Negra. Neste ano, com o objetivo de fortalecer o debate e dar visibilidade à cultura dos povos negros, uma série de atividades foi proposta pela coordenação da Assufsm, a começar com uma roda de conversa sobre racismo e a Lei de Cotas que, em 2022, completa dez anos.
A acadêmica de Arquivologia Mariestela da Silva Xavier entrou na UFSM por meio das cotas, e esteve presente no evento da Assufsm comentando sobre essa importante política pública de acesso. “Mesmo que a Lei de Cotas esteja completando dez anos, a porcentagem de negros que se formou na universidade em relação aos não negros, de lá para cá, é muito baixa. Eu não sou negra só no dia da Consciência Negra e por isso, serei a favor das cotas hoje, amanhã e sempre. Meritocracia não existe! Os brancos seguem todos os dias ainda colhendo os frutos de um processo longo e institucionalizado de escravidão”, comenta a estudante.
O culto à religiosidade de matriz africana também entrou na pauta, quando participaram com toques de tambor, cantos e rezos, os representantes da Sociedade Espiritualista do Reino de Yansã Olodwa e representantes da Casa Afro Umbandista de Oxum e Xangô.
Para Gióia Moraes Rosa, diretora espiritual da Sociedade Espiritualista do Reino de Yansã Olodwa, eventos como esse são necessários para a construção e evolução de uma sociedade pautada no respeito: “Temos de aproveitar o dia que foi dedicado à negritude para conversar, debater, lutar e manter essa resistência. Se cada dia a gente conseguir agregar mais uma pessoa, mais uma força, mais um terreiro, isso vai fortalecer a sociedade como um todo.”
A manhã culminou com uma feijoada, prato típico de matriz africana, preparada por Cleocir de Oxum Docô, representante da Casa Afro Umbandista de Oxum e Xangô. Os presentes puderam se deliciar da comida, enquanto ouviam uma roda de samba com a banda Cadência Bonita do Samba e a cantora Vera Lúcia Leal, a diva do samba.
A direção
Além da presença dos convidados, associados e associadas, estiveram presentes os coordenadores da Assufsm: Eloiz Cristino, Loiva Chansis, Gecira de Fiori, Fioravante do Amaral, Sonia Molinari, Elton Rogerio de Quadros, Milton Maus.
Para o coordenador de Formação Política Sindical Eloiz Cristino, o evento foi particularmente emocionante, uma vez que trouxe a tona sentimentos de pertença e orgulho ancestral. “Essa data serve pra manter a luta crescente. Esse ano a Assufsm priorizou fazer um evento próprio justamente para resgatar e valorizar a memória ancestral e fazer uma reflexão mais profunda sobre o racismo institucionalizado” pontua, Eloiz.
A coordenadora geral da Assufsm, Loiva Chansis é também praticante de Umbanda e, para ela, o evento teve duplo significado. “Primeiro, enquanto entidade sindical, que para além das pautas da categoria, luta pela política salarial e carreira, também há a luta pela inclusão e pela defesa de qualquer forma de opressão na sociedade. E eu, particularmente, fico também emocionada, por ser praticante de religião de matriz africana, pois tenho consciência de que a religião que cultuo é religião de negro. Temos uma herança, uma dívida muito grande com nossos irmãos e irmãs negras, e combater o racismo não deve ser bandeira principal deles, tem que ser bandeira de todos os outros. Para mim, é um orgulho ser uma sindicalista de uma entidade que coloca isso como prioridade”, comenta Loiva.