No domingo (19), véspera do Dia da Consciência Negra, a Assufsm realizou o tradicional evento na Sede Campestre, a fim de promover um espaço de discussão e ampliação da consciência sobre questões raciais e o racismo estrutural, e também para celebrar a cultura afrobrasileira.
Pela manhã, uma roda de conversa abordou diversos aspectos da violência e preconceito enfrentados cotidianamente pela população negra. Ao dar início à conversa, o coordenador de Esporte, Cultura e Lazer da Assufsm Paulo Quadrado deu boas-vindas a todos e todas as presentes e convocou a participação do público no “Ato da Consciência Negra: Por uma Santa Maria sem racismo”, que acontecerá a partir das 16h30min na Praça Saldanha Marinho desta segunda-feira (20).
Em seguida, o coordenador geral Ciro Oliveira destacou o histórico de lutas da Assufsm pela equidade e igualdade racial, citando as ações combativas do GT Raça e Etnia e de colegas como o TAE já falecido Onofre Caetano Macedo, um dos servidores fundadores da Assufsm.
O representante regional da Central Única dos Trabalhadores Eloiz Cristino destacou, em sua fala, a importância do movimento negro em Santa Maria e região. Segundo Eloiz, o mês de novembro deveria ser considerado o “mês da paciência negra”, pois o debate e a problematização do racismo deveria perdurar o ano todo e não somente no mês em questão.
Em seguida, a representante do CPERS Dgenne Ribeiro abortou o aspecto educacional – que também é atravessado historicamente pelo racismo – e colocou a educação como ferramenta fundamental no combate à violência e opressão da população negra. Ela questiona sobre o acesso de negros e negras no serviço público, dos cargos que ocupam em espaços de decisão. Segundo ela, somente quando os negros e negras ocuparem mais espaços de poder é que haverá a possibilidade de uma educação antirracista efetiva.
Já a coordenadora geral da Assufsm Alessandra Alfaro, primeira mulher negra a ocupar o posto na história do sindicato, destacou a importância dos negros e negras no serviço público e mencionou a importância de honrar e respeitar as religiões de matriz africana.
A Pró-Reitora Adjunta de Assuntos Estudantis Cassiana Marques endossou o discurso trazendo alguns dados sobre os cargos ocupados por servidores(as) negros(as) na UFSM. Dentre os quase cinco mil servidores(as) que integram o quadro da Universidade, são apenas 187 negros. Destes, apenas 15 são docentes. Em cargos de direção são no total 63 servidores(as), e apenas 2 servidores negros. De acordo com a avaliação da Pró-Reitora, as políticas para educação antirracista se fazem necessárias durante todo o ano e reforça a importância da luta do sindicato para mobilização dos grupos de construção do debate.
O enfermeiro Juan Domingues trouxe colocações a respeito da saúde da população negra, sob o viés da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. De acordo com o enfermeiro – que acompanha a realidade do Hospital Universitário de Santa Maria há quase duas décadas – a população negra ainda sofre com o acesso à saúde de qualidade e com o preconceito.
Por fim, a coordenadora geral da Assufsm Natália San Martin agradeceu a presença de todos e todas no espaço e reafirmou o compromisso do sindicato em levantar a bandeira na luta contra o racismo.
Ao meio dia, a Feijoada – realizada pela Casa Afro Umbandista Oxum e Xangô – foi servida. Após, a tarde foi embalada ao som de muito samba, com a banda Cadência Bonita do Samba e a cantora Vera Lúcia Leal.
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