Governo desiste de exigir receita médica em vacinação de crianças contra covid-19

O governo decidiu incluir crianças de 5 a 11 anos no programa de vacinação contra a covid-19, mas desistiu de exigir prescrição médica. Ou seja, vai fazer como recomendam especialistas e a comunidade científica. E também como defendem todos os estados e o Distrito Federal. O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira (5) que já encomendou 20 milhões de doses da vacina para crianças da Pfizer – população desse faixa etária estimada pelo IBGE. A quantidade, portanto, é suficiente para a aplicação apenas da primeira das duas doses recomendadas para o imunizante.

O calendário de vacinação começará somente depois da segunda quinzena deste mies. A ordem será das crianças mais velhas para as mais novas, com prioridade para quem tem comorbidade ou deficiência permanente. Para receber a dose, basta a criança estar acompanhada da mãe, pai ou de um responsável legal. Mas não poderá ser exigida prescrição médica, como antes defendia o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Desse modo, o governo se retira com atraso, e depois de seguidas derrotas, de um embate desnecessário. A Agência Nacional de Vigilância sanitária já havia reconhecido a eficácia da vacina para crianças e recomendado desde 16 de dezembro sua aplicação. Contrariando a Anvisa, a política promoveu ações protelatórias, mas acabou sofrendo duas derrotas contundentes nos últimos dias.

A primeira, a consulta pública que promoveu sem a menor necessidade e colheu, até o último domingo (2), 100 mil manifestações favoráveis ao imunizante, sem prescrição médica . E a segunda durante audiência pública em que cientistas e especialistas desmontaram os negacionistas escalados pelo governo. Desse modo, Queiroga só conseguiu retardar o processo de vacinação. Ou seja, agiu da mesma forma com relação ao início da vacinação do público adulto.

“De duas semanas pra cá, a situação piorou muito. Na segunda-feira (3), por exemplo, foi o dia em que mais fiz pedidos de covid-19 desde o início da pandemia. Tem sido assim nos últimos dias. Nunca fiz tantos pedidos de exames na vida”, disse o infectologista Márcio Nehab, que é do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/FioCruz).

Em entrevista à BBC Brasil, o médico pediatra, que trabalha em hospitais da rede pública e privada do Rio de Janeiro, observou que os contágios comunitários têm atingido famílias inteiras. Segundo ele, o atraso para vacinar crianças é uma ‘negação inacreditável da ciência’ diante de aumento de casos de covid-19.

Texto: Sul21 e RBA
Foto: Pexels

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