A implementação da Lei de Cotas em 2012 ampliou o ingresso de estudantes pobres, negras, negros e indígenas no ambiente acadêmico. Uma importante conquista do movimento negro e aliados, as cotas, hoje, garantem o direito das e dos estudantes – que enfrentam diariamente o reflexo da desigualdade social e do racismo – de acessarem o ensino superior e ter uma perspectiva melhor de futuro. A famosa frase “a filha da empregada virou médica” passou a simbolizar os efeitos das políticas de democratização do acesso às Universidades por meio das cotas.
Nos anos em vigor, já é possível ver seus frutos. Pesquisadores revelam que estudantes cotistas são os que mais apresentam um crescimento no desempenho durante a graduação, superando não-cotistas, ao contrário do que era alegado durante os anos de discussão sobre a implementação das cotas, onde se alimentava uma falsa narrativa de que a qualidade do ensino nas universidades brasileiras iria diminuir. É importante destacar isso pois revela que a implementação das cotas, e sua permanência, não se deu em um cenário tranquilo, de consenso. Do lado de lá, o movimento anti cotas – fortemente organizado em Santa Maria a partir do empresariado do ramo da educação -, segue com seu objetivo de extinguir as cotas para retomar com intensidade o processo de elitização das Universidades, que já está em curso devido a precarização do PNAES e da Assistência Estudantil, fundamental para a permanência estudantil.
Um instrumento tão poderoso como esse, que pinta a universidade de povo, não pode e não deve sofrer alterações reducionistas. Este ano, a Lei 12.711, de 2012, completa uma década e está prevista a sua revisão pelo poder legislativo. Para uma sociedade menos desigual, é importante que todos juntem-se à luta para que as cotas sejam mantidas e ampliadas.
Nenhum passo atrás, as cotas vão avançar!
A Assufsm realizou uma live sobre o tema, em fevereiro de 2022, e você pode conferir clicando aqui.
“São nações escravizadas
E culturas assassinadas
É a voz que ecoa do tambor
Chega junto, e venha cá
Você também pode lutar
E aprender a respeitar
Porque o povo preto veio
re-vo-lu-cio-nar”
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“Existe muita coisa que não te disseram na escola
Cota não é esmola
Experimenta nascer preto na favela, pra você ver
O que rola com preto e pobre não aparece na TV
Opressão, humilhação, preconceito
A gente sabe como termina quando começa desse jeito” Bia Ferreira
Texto: DCE-UFSM/Gestão Esperançar