Mobilização garante reunião ampliada com reitor sobre o SiSU nesta terça, 4

Uma mobilização que iniciou por volta das 15h desta segunda-feira, 3, no quinto andar do prédio da reitoria, onde se localiza o gabinete do reitor Luciano Schuch, garantiu que o gestor convocasse reunião ampliada com a comunidade acadêmica e externa para discutir a possibilidade de retorno do vestibular e do processo seletivo seriado. A atividade ocorrerá às 10h30 desta terça-feira, 4, no Espaço Multiuso, sendo aberta a todas e todos que queiram participar. Quem não puder comparecer terá a oportunidade de assistir a transmissão pelo site do Farol Ufsm.

Tais foram os compromissos firmados entre a reitoria da Ufsm e o movimento estudantil e sindical. Esses últimos reivindicam o adiamento da reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), agendada para esta quarta-feira, 5, às 8h30, e em cuja pauta está a minuta que propõe o retorno do vestibular e do processo seletivo seriado. Na alegação das entidades, a reitoria da Ufsm não oportunizou um debate amplo, democrático e calcado em dados que estabelecessem uma relação incontestável de causalidade entre o fenômeno da evasão e o método de ingresso via SiSU.

Desde 2015, a Ufsm tem o Enem/SiSU como forma quase exclusiva de ingresso na instituição, e, para o movimento estudantil, sindical, negro, indígena e popular, tal método garantiu mais diversidade e pluralidade na Ufsm, abrindo, junto com as cotas, as portas da universidade para as minorias sociais alijadas até então do acesso ao ensino superior.

Neila Baldi, diretora da Sedufsm, esteve presente na comissão que ingressou na sala com o reitor, Luciano Schuch, a vice, Marta Adaime, e o pró-reitor de graduação, Jerônimo Tybusch. Ela garante que o sindicato está a favor de aproveitar todos os canais de diálogo. 

“Entendemos que há a necessidade de acontecer o debate. Estamos solicitando que as entidades estejam amanhã às 10h30 para que, nesta reunião, tentemos dialogar inclusive com relação ao CEPE de quarta. Temos um pedido de vistas do DCE, que coloca um parecer substitutivo ao parecer que foi apresentado [pela pró-reitoria de graduação]. Então se a gente consegue, por exemplo, ou adiar a votação, ou votar o parecer, ganhamos tempo para promovermos audiências públicas e todo o debate de que precisamos. Entendemos como sindicato agora a necessidade de abrir o diálogo”, defendeu a dirigente.

Reitoria não recebe estudantes

Na última quinta-feira, 30 de março, a reunião do CEPE que votaria o retorno do vestibular e do processo seletivo seriado foi adiada pelo reitor, após manifestação de estudantes, servidores públicos e movimentos sociais adentrar a sala de reuniões. Naquele momento, relatou Daniel Ballin, integrante do DCE Ufsm e conselheiro no CEPE, os estudantes ingressaram na Sala dos Conselhos e solicitaram a presença do reitor, que não voltou ao local mas sinalizou que receberia o movimento nesta segunda-feira, às 15h30, em seu gabinete, para uma audiência.

Hoje, contudo, a reunião não ocorreu. Em entrevista à Sedufsm, o chefe de Gabinete, Eduardo Rizzatti, disse que não foi agendada audiência.

“O que posso te dizer é que foi sinalizada a possibilidade de uma reunião, porém essa reunião tem que ser marcada e agendada […] o reitor não recebeu nenhum comunicado, eu não recebi nenhum comunicado, e na secretaria consta que nenhum email chegou. Não podemos adivinhar. Mas, independente de chegar comunicado ou whatsapp, me parece que não cabe ao DCE convocar o reitor para uma audiência pública. Isso é um absurdo”, disse Rizzatti.

Ao tomarem conhecimento de que o reitor não receberia o movimento para reunir, estudantes, servidores e movimentos sociais desceram até o hall da reitoria, onde dialogaram sobre a importância que teve o SiSU para a ampliação e democratização do acesso à universidade.

Para Isadora Bispo, integrante do Movimento Negro Unificado (MNU), não é momento de enfraquecer o SiSU.

“Foram quatro anos de governo negacionista, de descaso, de pandemia. A quem interessa isso? Interessa aos filhos da pseudo elite de Santa Maria e do Rio Grande do Sul. Como vão ficar nossos jovens da periferia? Esses não vão conseguir chegar aqui. Eles não querem que nós, jovens negros e negras da periferia, indígenas, pensem, elaborem. Eles querem massa de manobra para servir a essa elite. A escuta é fundamental para o estado democrático de direito. Do contrário estamos em uma ditadura. A Ufsm, ao nos receber com homens armados, mostra que estamos diante da ameaça do processo democrático”, disse Isadora, referindo-se aos seguranças que foram colocados em frente à sala do reitor.

Mais tarde, no avançar da noite, quando a mobilização subiu novamente ao quinto andar, foram acionados e adentraram o prédio agentes da Brigada Militar e da Polícia Federal. Reitor, vice, chefe de gabinete e pró-reitor de graduação saíram do prédio por volta das 20h, com escolta policial.

A ocupação estudantil segue no quinto andar da reitoria.

Texto e fotos: Bruna Homrich

Assessoria de Imprensa da Sedufsm  

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