O penúltimo dia do XXXI Seminário Nacional de Segurança das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) foi marcado por reflexões profundas sobre diversidade, inclusão e o papel das universidades públicas na promoção de um ambiente seguro e igualitário. O evento, que ocorre em Brasília, iniciou as atividades com a mesa “Segurança para a população das IFES: cuidando das mulheres, da população negra e da diversidade”.
A primeira palestrante, Susana Xavier, técnica administrativa em educação e especialista em Gestão de Pessoas pela UnB, parabenizou a organização pelo seminário e destacou a importância da mobilização em defesa dos concursos públicos, afirmando que “ninguém merece a terceirização”. Para ela, a precarização do trabalho atinge diretamente a qualidade dos serviços nas universidades e compromete a dignidade dos trabalhadores.
Susana apresentou dados que evidenciam o papel central das mulheres no funcionamento das universidades federais. “A maioria do corpo técnico-administrativo é composta por mulheres, muitas delas responsáveis por manter a instituição em todas as suas áreas. São mulheres que geram e menstruam, que enfrentam jornadas duplas e triplas, e ainda assim sustentam o funcionamento da universidade pública”, afirmou.
A palestrante também ressaltou o impacto positivo das políticas de cotas raciais, que transformaram o perfil das universidades federais nos últimos anos. “Hoje temos outro retrato social nas universidades. O sistema de cotas garantiu que pessoas negras e de origem popular tivessem acesso a espaços historicamente negados”, destacou, reforçando a importância da manutenção e ampliação dessas políticas.
Durante sua fala, Susana lembrou um episódio simbólico de racismo estrutural, ao citar o caso de uma mulher que duvidava da capacidade de uma médica negra. “Quando todos têm oportunidades, todos podem alcançar qualquer espaço”, enfatizou.
Na sequência, a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) abordou temas como misoginia, racismo, sexismo e LGBTQIAPN+fobia, destacando exemplos de resistência e superação, como o da deputada Érika Hilton. Kokay provocou uma reflexão sobre como as cidades e instituições ainda reproduzem estruturas de exploração e exclusão. “As universidades devem ser espaços de acolhimento, reflexão e transformação social”, afirmou.
O período da manhã foi encerrado com a palestra sobre “Gerenciamento de Crises”, que contou com a participação de José Geraldo de Sousa Junior, da Faculdade de Direito da UnB. José Geraldo abordou o tema: estratégias de gestão e enfrentamento de situações críticas nas instituições públicas de ensino, ressaltando a importância da articulação entre segurança, diálogo e direitos humanos.
Após o almoço, o debate se concentrou na organização da estrutura de segurança e atualização do Projeto de Segurança nas IFES, com exposições de Mozarte Simões da Costa Junior, coordenador de segurança da UFRGS, e Leandro Luiz de Oliveira, secretário de Segurança Institucional da UFSC. Ambos destacaram a necessidade de atualização constante dos protocolos e de formação continuada das equipes, considerando os novos desafios impostos à segurança universitária.
O seminário encerra suas atividades nesta sexta-feira, 10 de outubro, consolidando-se como um importante espaço de troca de experiências, formulação de propostas e fortalecimento da rede de segurança das instituições federais de ensino.