Em auditório lotado e com 369 inscritos, teve início na quarta-feira (22) a Pré-Conferência de Saúde da UFSM, junto com a programação da 1ª Conferência Democrática do Centro de Ciências da Saúde (CCS). O objetivo do evento é debater a formação do profissional da saúde e elaborar estratégias para aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Além dos mais de 300 pré-inscritos, que se reuniram no Auditório Gulerpe, o evento teve que contar com transmissão virtual para o auditório do CCS, onde mais pessoas que se inscreveram na hora acompanharam a palestra.
Abertura – O evento começou com a composição da mesa de representantes de instituições do município, além da representação estudantil e docente. A diretora do CCS e também coordenadora da comissão organizadora da conferência, Maria Denise Schimith, foi a primeira a fazer o uso da palavra. Na ocasião, pontuou a importância da conversa para a definição de metas da saúde, bem como do alinhamento das prioridades do CCS. Em seguida, a representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Karla Essy, e a presidente da Seção Sindical dos Técnicos de Nível Superior (Atens) da UFSM, Salete de Jesus Souza Rizzatti, reforçaram a necessidade da valorização do SUS.
A coordenadora da Associação dos Servidores da UFSM (Assufsm), Loiva Isabel Marques Chansis, pontuou a necessidade do fortalecimento do SUS: “discutir saúde passa também por discutir políticas públicas”. Também estavam presentes na ocasião a secretária adjunta de Saúde de Santa Maria, Ana Paula Seerig, a servidora da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde, Mirna Dorneles Moreira, o presidente da Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm), Ascísio Pereira, a presidente do Conselho Municipal de Saúde, Maria do Carmo Quagliato, a vice-reitora Martha Adaime e o vice-diretor do CCS, William Schoenau.
O Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) atende por dia cerca de 5 mil pessoas. Segundo o superintendente da instituição, Humberto Moreira de Palma, uma das dificuldades enfrentadas hoje no hospital é o aumento da demanda em 699%, tendo em vista o atendimento de acidentes, como uma necessidade do município. “Não há saúde sem planejamento. Precisamos sair do discurso e ir para a ação.”
Formação Profissional – Ao fim da mesa de abertura, quem comandou o segundo espaço foi o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Alcindo Ferla, na palestra “Educação na saúde e formação profissional: quando o cuidado encontra o SUS”. No discurso, o professor explicou a importância da conferência, trouxe exemplos de por que se colocar também em pauta a saúde do profissional da saúde, além da necessidade da avaliação do profissional que se está formando atualmente. “A nossa área hoje está esgotada. É preciso também ensinar o nosso profissional a escutar o silêncio do outro, muito além da formação técnica”.
Além disso, o professor reforçou as ações realizadas pelo SUS, que vão além do atendimento médico. Profissionais da saúde estão presentes na vacinação, no saneamento básico e na alimentação escolar dos alunos. “É preciso perceber que acabamos destruindo o meio ambiente, por exemplo, em caso de desastres ambientais, e quem se faz presente também é o SUS”.
Importância das conferências
Para o estudante de Fisioterapia Cássio da Silva Quirino, o evento é importante para que todos os cursos do CCS possam conversar entre si e encontrar soluções para os problemas que compartilham. “De uma forma democrática a gente conseguiu chegar em opções que vão auxiliar para a gente mudar isso nos próximos anos”.
A diretoria do CCS, Maria Denise, foi quem conduziu a conferência e, ao final do evento, se emocionou ao dizer que o que estava sendo feito ali era política. “Política num sentido amplo, num sentido muito mais descolado da questão partidária. A gente está aqui com pessoas que querem construir juntos, isso ensina os estudantes, ensina os professores, ensina os pais. A gestão de gabinete é muito fácil de ser feita, mas ela não aparece, porque as pessoas não enxergam que elas também estiveram ali. Essa é a ideia da política, no sentido de participação, democracia, transparência”, comenta a diretora.
É lei – A Lei Nº 8.142/1990 estabelece que representantes de segmentos sociais devem se reunir a cada quatro anos para debater e avaliar a situação de saúde, além de também reformular o que já está sendo proposto.
As pré-conferências são necessárias para que sejam retiradas ações, que serão enviadas para as conferências municipais, previstas para 31 de março e 1° de abril em Santa Maria. As conferências municipais deliberam as dez propostas que serão encaminhadas para a Conferência Estadual e elege 24 delegados que vão representar Santa Maria. O mesmo ocorre da Conferência Estadual para a Conferência Nacional de Saúde. Os debates levantados nas conferências definem e embasam o próximo Plano Municipal de Saúde, a ser atualizado para o período 2026 a 2029.
Texto: UFSM
Foto: Bruna Homrich/Sedufsm