O primeiro dia do XXXI Seminário Nacional de Segurança das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e EBTTs, realizado no auditório da ADUNB, em Brasília (DF), foi marcado por intensos debates sobre a conjuntura política, econômica e social que afeta a classe trabalhadora e o serviço público no Brasil. Representantes sindicais, servidores Técnico Administrativos(as) em Educação e estudantes se reuniram para discutir os desafios do momento atual e refletir sobre os rumos da educação pública e das políticas de segurança nas instituições de ensino.
O Seminário reúne trabalhadoras e trabalhadores Técnico Administrativos(as) em Educação que atuam na área de segurança das universidades e institutos federais de todo o país. A atividade tem como objetivo debater a realidade da segurança nas Instituições Federais de Ensino (IFE) e nos EBTTs, abordando as transformações no setor, o uso de novas tecnologias e o compartilhamento de experiências e vivências. A proposta central é construir diretrizes que contribuam para o aprimoramento da segurança nas instituições públicas de ensino. Pela Assufsm participam os TAEs: Cézar Machado, Eduíno Simões, Paulo Voigt e Sandro Timm.
A mesa de abertura contou com a participação da coordenadora de Administração e Finanças da FASUBRA Melissa Campos. Já a mesa de Análise de Conjuntura contou com a presença de lideranças sindicais e acadêmicas que trouxeram diferentes perspectivas sobre o cenário nacional e internacional. O representante da FASUBRA, José Maria Castro, destacou a importância da unidade e da consciência política diante de um contexto de crises globais e conflitos bélicos. Segundo ele, as guerras e os interesses econômicos ligados à indústria de armamentos impactam diretamente a vida das classes trabalhadoras.
“Foram seis anos de miséria e perdas de direitos. Precisamos compreender o que representamos dentro da Constituição e continuar lutando por valorização”, afirmou José Maria, ao relembrar o golpe político que destituiu a primeira presidenta mulher do Brasil e seus reflexos sobre o funcionalismo público.
A professora Jackeline Magalhães, vice-presidenta do ANDES-SN, trouxe uma reflexão sobre a complexidade da conjuntura política e a necessidade de resgatar a praxis cotidiana e a memória coletiva. Em sua fala, destacou a importância da cultura e da identidade como pilares da democracia.
“Somos privados de nossa identidade e empurrados ao consumo e à violência. Precisamos resgatar o senso de comunidade e de pertencimento”, afirmou, citando referências como Marielle Franco, Bárbara Carine e Celso Furtado.
O diretor do Sinasefe, Roni Rodrigues também fez um alerta sobre os impactos das políticas de precarização e das novas propostas de reformas que ameaçam o serviço público. Ele defendeu o fortalecimento das bases sindicais e o engajamento político dos trabalhadores.
“A maioria dos vigilantes hoje é formada por aposentados e pensionistas que enfrentam dificuldades e falta de valorização. Se essa PEC passar, acabou. Precisamos eleger parlamentares que defendam o serviço público”, disse, citando Rui Barbosa: “Quem não luta por seus direitos não é digno deles”.
Durante as falas dos inscritos, participantes ressaltaram o papel do seminário como espaço de resistência e construção coletiva, reforçando a importância de uma comunicação acessível e próxima das bases. Houve críticas às reformas administrativas, à precarização do trabalho e à violência enfrentada por estudantes e servidores dentro e fora das universidades.
“Não venceremos apenas nas redes sociais, mas nas ruas. O Congresso se incomoda quando vê o trabalhador lutando”, resumiu um dos participantes, encerrando o debate com um chamado à mobilização e à esperança.
No período da tarde, o evento prosseguiu com a palestra “As implicações da privatização e terceirização da segurança nas IPES”.O tema trouxe à tona as preocupações com o avanço das terceirizações e seus impactos sobre a autonomia, a segurança e as condições de trabalho nas instituições federais.
Encerrando as atividades do dia, a última mesa abordou o tema “Carreira, formação continuada e permanente dos servidores da área de segurança nas IPES”, com exposições de Ronaldo Vitoriano Bastos (UFAM e membro da Comissão Nacional de Supervisão da Carreira da FASUBRA) e Roni Rodrigues da direção do SINASEFE. O debate reforçou a importância da valorização profissional, capacitação técnica e reconhecimento do papel estratégico dos servidores da segurança no ambiente universitário.
O evento, que segue até sexta-feira (10), contará com debates, grupos de trabalho e atividades formativas. A FASUBRA reafirma seu compromisso com a valorização dos Técnico Administrativos(as) em Educação e com a luta por melhores condições de trabalho e segurança nas instituições públicas de ensino.