Sindicatos devem ser a voz de quem não tem voz, afirma Papa Francisco

Fonte: CUT-RS

Fotos: Vatican News

“Não há sindicato sem trabalhadores e não há trabalhadores livres sem sindicatos”, afirmou o Papa Francisco ao receber cerca de 6 mil membros da Confederação Geral Italiana do Trabalho, na manhã da última segunda-feira (19), na Sala Paulo VI, no Vaticano.

Foi um encontro com pessoas que fazem parte de organizações sindicais históricas da Itália. No seu discurso, o pontífice expressou mais uma vez a sua proximidade para com o mundo do trabalho e, em particular, com as pessoas e famílias que mais lutam.

“O sindicato”, disse o Papa, “é chamado a ser a voz dos sem voz”. Segundo ele, “vocês dever fazer barulho para dar voz a quem não tem voz”.

Ele pediu também que se cuide dos jovens, que muitas vezes são obrigados a contratos precários, inadequados e escravizantes.

Trabalho constrói a sociedade

Francisco destacou que vivemos em uma época que, apesar dos avanços tecnológicos – e às vezes precisamente por causa desse sistema perverso chamado tecnocracia – em parte decepcionou as expectativas de justiça no âmbito trabalhista. E isto exige, segundo ele, antes de tudo, reiniciar do valor do trabalho, como um lugar onde a vocação pessoal e a dimensão social se encontram. O trabalho permite que a pessoa se realize, viva a fraternidade, cultive a amizade social e melhore o mundo, explicou.

O trabalho constrói a sociedade, reafirmou o Papa. É uma experiência primária de cidadania, na qual uma comunidade de destino toma forma, fruto do compromisso e dos talentos de cada indivíduo. E assim, na rede comum de conexões entre as pessoas e os projetos econômicos e políticos, ganha vida dia a dia o tecido da “democracia”.

Caros amigos, se recordo esta visão, é porque entre as tarefas do sindicato está a de educar ao sentido do trabalho, promovendo a fraternidade entre os trabalhadores. Esta preocupação formativa não pode faltar. É o sal de uma economia saudável, capaz de fazer do mundo um lugar melhor”, destacou.

De fato, acrescentou o Papa, “os custos humanos são sempre também custos econômicos e as disfunções econômicas sempre implicam também custos humanos. Desistir de investir nas pessoas para obter um lucro mais imediato é um mau negócio para a sociedade”.

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Por que a mulher deveria ganhar menos do que o homem?

Ao lado da formação, é sempre necessário apontar as distorções do trabalho, disse ainda o Papa. A cultura do descarte entrou nas dobras das relações econômicas e também invadiu o mundo do trabalho.

“Vemos isso, por exemplo, onde a dignidade humana é espezinhada pela discriminação de gênero – por que uma mulher deveria ganhar menos do que um homem? -; é visto na precariedade da juventude – por que as pessoas têm que adiar suas escolhas de vida por causa da precariedade crônica? -; ou na cultura da demissão; e por que os empregos mais exigentes ainda são tão mal protegidos? Muitas pessoas sofrem com a falta de trabalho ou por causa de um trabalho indigno: seus rostos merecem escuta e o compromisso sindical”.

Vítimas no trabalho são pessoas e não números

O Papa então compartilhou algumas preocupações. Primeiro, a segurança dos trabalhadores. Ainda há muitos mortos, mutilados e feridos no local de trabalho.Cada morte no trabalho é uma derrota para toda a sociedade. Mais do que contá-los no final de cada ano, devemos lembrar de seus nomes, pois são pessoas e não números. Não permitamos que o lucro e a pessoa sejam equiparados! A idolatria do dinheiro tende a pisar em tudo e em todos e não valoriza as diferenças.

Trata-se de nos educarmos para cuidar da vida dos funcionários e nos educarmos para levar a sério as normas de segurança: somente uma sábia aliança pode prevenir aqueles “acidentes” que são tragédias para as famílias e comunidades.

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Esperança

Uma segunda preocupação é a exploração das pessoas, como se fossem máquinas de desempenho. Existem formas violentas, como o “caporalato” (recrutamento de mão de obra) e a escravidão dos trabalhadores na agricultura ou em canteiros de obras e outros locais de trabalho, a obrigação de trabalhar em turnos extenuantes, o jogo de contratos sempre menores, o desrespeito à maternidade, o conflito entre trabalho e família.

Quantas contradições e quantas guerras entre os pobres acontecem em torno do trabalho, lembrou o Papa. Nos últimos anos, segundo ele, os chamados “trabalhadores pobres” aumentaram: pessoas que, apesar de terem um emprego, não conseguem sustentar suas famílias e dar esperança para o futuro.

Francisco recordou ainda que nestes anos pandêmicos, o número daqueles que se demitem de seus empregos tem aumentado. Tanto jovens quanto idosos estão insatisfeitos com sua profissão, o ambiente de trabalho, as formas contratuais, e preferem se demitir. Eles buscam outras oportunidades. Este fenômeno não diz desengajamento, mas a necessidade de humanizar o trabalho.

O Papa concluiu o seu discurso convidando os presentes a serem “sentinelas” do mundo do trabalho, gerando alianças e não oposições estéreis.

Para o pontífice, as pessoas estão sedentas de paz, especialmente neste momento histórico, e a contribuição de todos é fundamental. Educar para a paz mesmo no local de trabalho, muitas vezes marcado por conflitos, pode se tornar um sinal de esperança para todos. Também para as gerações futuras.

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